Zezé Duarte

História de superação:
O relato de uma mulher que enfrentou a Gravidez Ectópica

Gravidez ectópica é uma das principais causas de morte materna. À medida que uma gravidez ectópica cresce, ela pode romper a estrutura (parte do corpo) onde está implantada, tal como uma trompa de Falópio. A ruptura da estrutura que contém a gravidez ectópica normalmente ocorre após aproximadamente seis a 16 semanas.
Entenda a patologia
O útero é o principal órgão do sistema reprodutor da mulher, sendo responsável por sustentar a gravidez, promovendo o desenvolvimento do feto e o seu parto. É formado por camadas de revestimento, sendo perimétrio a mais externa, miométrio a intermediária e endométrio a mais interna.
Quando ocorre a fecundação do óvulo pelo espermatozoide nas tubas uterinas, o embrião é formado e se dirige à cavidade uterina. Chegando ao órgão, ele se fixa no endométrio, realizando a implantação embrionária e dando início ao desenvolvimento fetal. Em alguns casos, pode ocorrer a chamada gravidez ectópica, quando ela acontece em outras regiões que não sejam o útero. É mais comum que essa condição tenha ocorrência nas tubas uterinas, a chamada gravidez tubária.
Ou seja, a gestação ectópica é aquela que se desenvolve fora da cavidade uterina. Numa gravidez ectópica, o embrião não se implanta no útero, como deveria, mas num lugar que não terá o seu desenvolvimento normal. Geralmente, estas gravidezes ocorrem na trompa de Falópio antes que o embrião chegue ao útero.
Para mim, contar essas histórias é mais do que uma missão; é um chamado para ajudar outras mulheres a reconhecerem sua própria força e a acreditarem em suas capacidades.
“Não permita que ninguém atrase seus sonhos com palavras negativas”, exorto. “Acredite, e você encontrará o caminho para superar qualquer desafio.”
Os leitores da Revista Salto podem esperar um banquete de emoções e inspirações. Nas próximas edições, revelarei histórias de mulheres que superaram o impossível, como a tocante jornada de Karen Pains, uma narrativa que promete ressoar com a força da verdadeira superação. E assim, com cada coluna, pretendo acender a chama da esperança, iluminando o caminho para todos que se sentem perdidos na escuridão dos seus próprios desafios.
Como disse Aldo Novak, "Sua vida pode ser uma comédia, uma aventura ou uma história de superação, sucesso e amor." E é isso que pretendo oferecer: um convite para ver além dos dramas e tragédias, e abraçar a aventura da transformação pessoal. Aguardem com expectativa as próximas edições e permitam-se inspirar pela jornada de superação que estou prestes a compartilhar.
Karen Pains e seu relato sobre a gravidez ectópica
Hoje vou compartilhar com vocês, momentos da minha vida que talvez muitas pessoas não saibam... Porque só agora me sinto um pouco mais confortável para falar sobre este assunto. Em janeiro de 2015, eu descobri que estava grávida. Nesta foto ao lado tinha alguns dias que tínhamos descoberto. Estava com aproximadamente 12 semanas. Quando contei para minha mãe e minhas irmãs, elas começaram a me dar presentes para o bebê, tudo duplo, azul e rosa. E mesmo com poucas semanas de gestação eu já sentia o bebê, sentia tremidinhas na barriga. Era uma sensação bem gostosa.
E foi tudo muito rápido, comecei a sentir fortes cólicas, e um sangramento fluído.
Fui na UPA e lá fiz exames que comprovaram que eu realmente estava grávida. Mas lá não tinha uma estrutura adequada para uma grávida com hemorragia e não se tratava de um aborto, pois o HCG continuava dando positivo. Então fui transferida para o hospital Júlia Kubitschek. Neste período de espera para transferência, liguei para minha mãe e para o meu esposo Wellington que imediatamente foi ao meu encontro no hospital.
Fiz alguns exames e os médicos nos orientaram a repetir os exames em laboratório particular. No dia seguinte acordei bem cedo e fui ao laboratório, fiz os exames pois os médicos do JK achavam que eu havia abortado, mas os exames constatavam que eu estava grávida, continuavam dando positivos . A tarde Welligton foi comigo para que eu fizesse uma ultrassonografia. A médica que nos atendeu foi clara e objetiva dizendo: - ‘’Voltem o mais rápido possível para o hospital, pois sua esposa corre risco de vida, ela está com uma gravidez ectópica, o bebê pode romper a trompa direita e ela pode vir a óbito’’. Lembro-me perfeitamente de suas palavras.
Eu fiquei com muito medo, extremamente triste. Nunca tinha ouvido a respeito dessa gestação. Então eu fui no dia seguinte para o JK com o resultado da ultrassonografia. Welligton foi trabalhar pela manhã e no horário do almoço foi ficar comigo no hospital.
Os médicos discutiram meu caso, e me disseram que eu não podia comer nada e nem beber água, pois eu poderia precisar me submeter a uma Cesária. Isto era às 11 horas. Os médicos não deram retorno. E eu fiquei sentada sem nenhum suporte, com muita dor, com hemorragia e sem comer e sem beber nada até às 20 horas. Quando eu fiquei extremamente irritada e entrei na sala do médico e briguei com eles, alguns minutos depois uma médica veio conversar comigo. Disse que por ser minha primeira gestação, eles acharam melhor não fazer a Cesária para retirada da trompa, que eu seria transferida para o Hospital das Clínicas para me submeter ao tratamento clínico. Eu nem sabia o que aconteceria e qual seria esse tratamento clínico, mas aceitei. Neste momento liguei pra minha mãe e ela e minha irmã Grace foram me visitar.
Welligton sempre esteve comigo
Lembro-me que minha mãe chorava muito, eu chorava muito e minha irmã também chorava, mas tentando ser forte para me dar suporte. Sentadas no jardim do hospital JK, minha irmã conversou muito comigo, falou muito de Deus pra mim, dizendo que os planos D’Ele eram infinitamente maiores que os meus e que talvez futuramente, eu ia entender os propósitos de Deus para a minha vida. Então eu fui transferida para o Hospital das Clínicas. Welligton foi comigo. Por se tratar de um hospital escola, quando fiz exames de imagens tinha no mínimo 20 alunos na sala . Fiquei extremamente insegura, constrangida e com muita vergonha. Fui para o quarto e no dia seguinte me submeti ao tratamento.
Fui muito bem recepcionada, muito bem atendida no Hospital das Clínicas. Hospital público e maravilhoso.
Tive suporte psicológico no dia seguinte, a assistente social conversou conosco. Minha mãe e minha irmã foram me visitar, levaram roupas e tudo que eu precisava usar.
Eu chorava muito, se não me engano eu estava com 22/23 anos . Fui submetida ao tratamento com medicamentos. Ao qual meu bebê foi morrendo aos poucos, e até princípio de março meu exame de Beta HCG dava positivo. Fiquei indo toda semana no Hospital das Clínicas para realizar os exames de HCG para ver se o tratamento estava dando certo ou se teria que repeti-lo. E foi abaixando aos poucos até zerar. Em meados de março eu recebi alta e por conta do medicamento forte eu teria que ficar 1 ano sem doar sangue.
Hoje eu consigo pegar e ver meus exames e sumário de alta daquele momento tão doloroso sem chorar e ficar muito mal. Mas me senti impotente, me questionei: - porque eu não lutei pela vida do meu bebê? Ouvi muitas palavras cruéis naquele momento. Hoje meu bebê estaria com quase 9 anos e eu não deixo de pensar: - Como seria se tudo tivesse dado certo?
- Como seria a sua aparência? - Seria menino ou menina? *Minha vó apostou que seria uma menina, ela também sofreu muito pela nossa perda!*
Mas hoje eu penso também que:
‘‘A vontade de Deus é soberana, é boa, perfeita e agradável, nada foge do controle de suas mãos . Ele sabe o que é melhor pra mim e que vontade D’Ele sempre prevalecerá em minha vida. A Ele seja a glória para sempre! Amém.
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