Marca alemã fundada pela designer Heidemarie Jiline “Jil” Sander retorna com uma coleção de seis perfumes que prestam homenagem às fragrâncias icônicas do passado da marca No dia seguinte à apresentação da coleção primavera 2025 da Jil Sander em Milão, encontro os designers Lucie e Luke Meier para um café e uma conversa. Há algo no ar que não consigo identificar completamente — uma excitação silenciosa de projetos prestes a sair do sigilo para serem revelados.
"Às vezes, o timing das coisas pode ser um pouco estranho", brinca Luke. "Tem tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que esquecemos que ninguém além de nós sabe. Até agora." Hoje é o que ele chama de "o grande momento de revelação": a Jil Sander está retornando ao mundo das fragrâncias com seis eaux de parfum criados cuidadosamente, conhecidos como Olfactory Series

1.

Cada perfume tem um nome marcante que sugere a essência contida no frasco: Black Tea, Earth, Leaf, Coffea, Miel e Smoke. "São fragrâncias muito honestas, alinhadas à nossa estética de design", diz Luke. "Não são complicadas e cheias de múltiplos elementos, mas sim compostas por notas limpas e puras." De certa forma, essas fragrâncias se entrelaçam e prestam homenagem aos perfumes icônicos do passado da marca, como Sun, Sensations e Sport.
Hoje, Luke está usando Leaf.

Descrito como uma "nuvem de verdor", combina notas de limão-taiti, cardamomo, tomate Black Krim e aldeídos, resultando em uma fragrância vibrante e ousada. Lucie, por outro lado, sente-se exausta do dia anterior e escolheu Miel como seu perfume do dia — uma inesperada fragrância de mel com notas de cedro reciclado, vetiver e jasmim grandiflorum, mais aconchegante do que doce. "Não querendo ser política, mas eu gosto de todas as fragrâncias", confessa Lucie. "Mas hoje, queria algo mais acolhedor para combinar com meu suéter."
A Jil Sander é conhecida por sua abordagem prática e funcional — algo que naturalmente se reflete nesta coleção de perfumes.

"A sustentabilidade é muito importante para nós", afirma Luke, ao que Lucie acrescenta: "Deveria ser importante para todos." Os frascos são recarregáveis e, de forma inovadora, a extração de certas notas como folhas de patchouli, chá e folhas de elemi é feita com dióxido de carbono, um processo que não só intensifica a pureza das notas, mas também é uma escolha ecologicamente responsável.

Os frascos, por si só, também são verdadeiras declarações de design. Criados em colaboração com o estúdio FormFantasma, cada um é propositalmente imperfeito, com bolhas e texturas que a indústria tradicional consideraria defeitos. "Sentimos que isso dava alma aos frascos, adicionando um toque humano", explica Luke. "As embalagens costumam ser muito industriais, e queríamos algo artesanal."
Em vez de uma tampa convencional, cada frasco vem com uma delicada cúpula de porcelana branca que se encaixa perfeitamente no topo. Há algo extremamente satisfatório no gesto de colocá-la e retirá-la. "Parecia muito humano criar esse movimento de cobrir o perfume após usá-lo", diz Lucie. Além de ser um detalhe estético, a peça tem uma função prática — a exposição ao sol pode degradar rapidamente uma fragrância, e a cobertura opaca protege contra esse dano.

"Gostamos das cores naturais do frasco e da fragrância, então essa foi a nossa solução."
Fica claro que o Olfactory Series 1 já paira no ar — ou pelo menos, a energia em torno dele. "Essas fragrâncias foram criadas para o indivíduo", reflete Luke ao final da nossa conversa. "Desde o momento em que você remove a tampa até o instante em que vive o perfume e percebe — isso te faz sentir forte e poderoso."
Esta matéria foi originalmente publicada na Vogue US.
Traduzida e adaptada por Sara Magalhães.
Revistas Newsletter

Publicidade