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Belo Horizonte,30/04/2025

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Vik Muniz assina linha de porcelanatos e cobogós: "A ideia não era criar algo que parecesse meu trabalho"

casavogue.globo.com
Vik Muniz assina linha de porcelanatos e cobogós: "A ideia não era criar algo que parecesse meu trabalho"


A coleção desenvolvida pelo artista multidisciplinar para a Portobello é um dos destaques da Expo Revestir 2025, feira que acontece de 10 a 14 de março em São Paulo Considerado um dos artistas brasileiros mais proeminentes da contemporaneidade, Vik Muniz é, antes de tudo, um homem muito curioso. E foi justamente a curiosidade que fez com que ele recebesse com entusiasmo um convite para desenvolver uma linha autoral de porcelanato. “Este é um revestimento que impõe uma certa humildade”, confessa, intrigado pelo processo industrial que acabou por desvendar.
Bastou uma visita à fábrica da Portobello, há mais de um ano e meio, para visualizar a coleção cujo lançamento acontece na Expo Revestir 2025, principal feira do setor que ocorre de 10 a 14 de março, em São Paulo. “Eu comecei me perguntando: será que a gente conseguiria criar uma superfície num nível de sutileza tão grande que ela tenha uma sensação de permeabilidade?”, lembra.
Este desafio proposto à marca só poderia ter vindo de alguém que, ao longo da sua carreira de quase 38 anos, trabalhou com todo tipo de matéria: da madeira à tinta, passando pelos alimentos, metais, cristais…. Vik coleciona experiências com quase tudo.
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Inspirado pelo toque do papel, Vik Muniz desenvolve a coleção Haptic para a Portobello
Divulgação
Para co-criar com a Portobello, ele recorreu a um velho instrumento de trabalho: o papel. Modelos de gramaturas e acabamentos diversos preencheram rapidamente o espaço do artista durante o seu processo criativo. Ele não estava, no entanto, interessado no material em si, mas sim na sensação que ele provoca: o toque na pele, nas mãos, nos pés…. “Gosto muito dessa sensação de pisar no papel”, conta.
Definido o ponto de partida, ele desenhou o primeiro modelo da coleção: uma peça de grandes dimensões que parece simular um papel de parede por conta da sua textura única. “Ele fez uma pesquisa extensa. Chegou na nossa reunião com páginas e páginas sobre a ideia de um porcelanato inspirado pela sensação do toque do papel”, recorda Eduardo Scoz, gerente de Inovação do Portobello Grupo.
Detalhe das peças Canvas, da coleção Haptic, design Vik Muniz para a Portobello
Divulgação
Coube à equipe técnica descobrir como reproduzir, de maneira industrial, uma cerâmica tão delicada que desse vontade de passar suavemente sobre as bochechas – a verdadeira meta do artista. “E deu certo? Vocês sentiram o porcelanato no rosto?”, pergunto. “É claro! E ficou ótimo!”, diverte-se Vik.
Em sua coleção Haptic para a Portobello, Vik Muniz criou um porcelanato tão suave que parece um papel
Divulgação
Na sequência, ele propôs mais dois modelos: o Aquarelle (10 x 20 cm), revestimento colorido que remete ao toque da tinta à base de água no papel; e o cobogó Aquarelle (15 x 30 cm) – peça tipicamente brasileira, que nesta versão, brinca com a percepção de luz e cor.
Os cobogós Aquarelle fazem parte da coleção Haptic, design Vik Muniz para a Portobello
Divulgação
Batizada de Haptic (justamente por aludir a sensação de toque), a coleção pode ser usada em pisos e paredes. A única contraindicação é para áreas de tráfego intenso – portanto, o uso residencial deve ser prioridade. “A ideia não era criar algo que parecesse com o meu trabalho, a ideia era, na verdade, criar uma coisa boa. Se eu vou assinar uma linha de porcelanato, eu vou criar um porcelanato que eu quero ter na minha casa”, garante Vik.
Vik Muniz assina linha de porcelanatos e cobogós: "A ideia não era criar algo que parecesse meu trabalho"
Divulgação
Para a Portobello, a iniciativa representa um desejo antigo de trabalhar com um artista multidisciplinar, uma referência inigualável no panorama artístico brasileiro. “Esse encontro já estava pensado há tempos. Nós demos total liberdade para o Vik criar. Isso faz parte da nossa busca por um diálogo constante entre a arquitetura, o design e a arte”, comenta Eduardo, acrescentando que era fundamental desenvolver um produto que se tornasse uma peça de design, funcional, prática e com preço bom. “O Vik criou um material novo, algo que nos orgulha. Tem o DNA da Portobello e tem o DNA dele. Não acho que as pessoas vão se chocar com esse porcelanato, mas elas vão se perguntar: como ninguém pensou nisso antes?”, reflete.
Segundo o artista, a grande graça da colaboração é a vivência que o processo proporcionou. “Todas as minhas colaborações geraram coisas inusitadas. No fim das contas, o que é legal é você trabalhar tentando descobrir o que você não sabe. Eu já fiz coisas com diamante, com lixo, fiz obras monumentais, outras minúsculas que só podem ser vistas pelo microscópio… o material não é o interessante. O interessante é como cada um deles proporciona um processo diverso. A obra de arte ou o produto vêm dessa experiência”, discorre.
Se depender do ânimo e do impulso criativo de Vik Muniz, este é apenas o primeiro, mas não o seu único trabalho com o porcelanato. “Agora, tudo que eu vejo eu imagino como fazer em porcelanato”, afirma. Podem então vir novas colaborações pela frente? “Eu odeio ter ideias. Porque quando você tem uma ideia, você tem que dar um jeito de realizar essa ideia. Se não, você fica com aquela insatisfação. É um inferno esse negócio de ficar tendo ideias. Espero que, com a idade, isso passe”, brinca e desconversa. Enquanto não passa (ainda bem!), seguimos por aqui, de olho nos seus próximos passos.
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